Equipes resgatam 5 feridos e 5 corpos após acidente de avião em Islamabad
Aeronave da companhia Air Blue se acidentou quando se preparava para pousar
Efe
NOVA DÉLHI - As equipes de resgate retiraram cinco feridos e encontraram os corpos de cinco pessoas entre os destroços do avião que se acidentou nesta quarta-feira em umas colinas próximas a Islamabad com 152 pessoas a bordo, informaram fontes oficiais.
Os feridos foram levados a hospitais em helicópteros que participam dos trabalhos de resgate, segundo o presidente da Autoridade de Desenvolvimento da Capital, Imtiaz Inayat Elahi, à agência estatal APP.
O ministro do Interior, Rehman Malik, citado pelo canal Geo TV, disse que os cinco sobreviventes resgatados estão em situação grave.
Elahi, citado pelo canal Geo TV, disse que, devido à natureza do acidente, há poucas possibilidades de encontrar muitos sobreviventes.
O avião, da companhia Air Blue, decolou às 7h50 locais (23h50 de terça em Brasília) na cidade de Karachi, sul do país, com destino a Islamabad, e se acidentou quando se preparava para pousar.
O aparelho caiu sobre uma área muito arborizada das Colinas de Margala, a norte de Islamabad, em área onde o Exército também possui instalações, o que agilizou o desdobramento de homens para as tarefas de salvamento.
No momento do acidente chovia forte e havia denso nevoeiro na Região.
As condições climatológicas e o difícil acesso ao local onde caiu o aparelho estão dificultando os trabalhos de resgate, que têm participação de três helicópteros e uma unidade de soldados do Exército, disse um porta-voz militar à APP.
A região do acidente está tão coberta por árvores que é impossível chegar ao local em veículos. Por isso, os trabalhos de resgate estão a cargo de pessoal que se desloca a pé e dos helicópteros que sobrevoam o local constantemente.
O avião levava 152 pessoas a bordo, das quais 146 eram passageiros e as outras seis faziam parte da tripulação, segundo porta-voz da companhia citado pela APP.
Diversas fontes citadas pelos canais de televisão disseram que ainda não são conhecidas a causas do acidente. A tripulação do avião tinha perdido contato com a torre de controle alguns minutos antes.
Algumas versões não confirmadas asseguram que o aparelho tinha recebido ordem de seguir sobrevoando a zona, pois o aeroporto de Islamabad estava congestionado.
As redes de televisão mostraram imagens da fuselagem, parcialmente em chamas e totalmente destruída, em uma região elevada das Colinas de Margala.
Testemunhas citadas pela Geo TV disseram ter visto o avião voando em altitude muito baixa antes do acidente, e outros afirmaram ter ouvido uma explosão minutos depois.
Também há versões não confirmadas que dão conta de uma explosão no depósito de combustível em pleno voo.
O primeiro-ministro paquistanês, Yousef Raza Guilani, e o presidente, Asif Ali Zardari, expressaram em comunicados suas consternações pelo acidente e pediram rapidez nos trabalhos de resgate.
Aviadores consideram hipótese de 'desorientação do piloto' no acidente
SÃO PAULO - A tripulação do Airbus A321 da Air Blue que caiu perto de Islamabad nesta quarta-feira, 28, pode ter sido vítima de um dos mais traiçoeiros tipos de erros passíveis de ser cometidos por pilotos, e conduzido a aeronave para um acidente conhecido no meio aeronáutico pela sigla CFIT (em inglês, controlled flight into terrain ou, em tradução livre, vôo controlado direto para o chão).
Tragédias desse tipo acontecem, normalmente, quando os tripulantes sofrem de desorientação espacial. Embora rara de ocorrer em uma aeronave moderna como o A321, dotada de dezenas de computadores que controlam parâmetros de vôo, a hipótese ganhou força nas páginas de discussão da internet, freqüentadas por pilotos e entusiastas de aviação, desde que surgiram as primeiras informações sobre a tragédia, que matou 152 pessoas. Mais de 90 corpos já foram recuperados pelas equipes de resgate. Testemunhas também teriam visto o avião voando baixo demais, antes da queda e de ouvir uma explosão.
A desorientação, também chamada de "vertigem de piloto", ocorre quando os aviadores não são capazes de identificar, visualmente, onde está o solo ou o horizonte, principalmente à noite, sob certas situações meteorológicas (como a neblina que encobria a pista do aeroporto de Islamabad e as Colinas de Margala, a norte da cidade, onde o A321 caiu) ou em determinados tipos de superfície, como o oceano ou florestas.
Nessa situação, o aviador perde totalmente a noção de espaço e pode sofrer ilusões e tonturas, tendendo a acreditar que está voando em certa atitude e velocidade, quando a aeronave pode estar bem mais baixa ou mais lenta ou rápida, na realidade. Qualquer piloto está sujeito à desorientação, mesmo os mais experientes. A situação é potencialmente perigosa quando o aviador passa a controlar o avião com base nessa sua falsa percepção.
Para evitar a ocorrência, os pilotos são condicionados, desde as primeiras aulas de pilotagem, a conduzir as aeronaves dando prioridade à observação dos instrumentos, muito mais do que acreditar nos próprios olhos. Aviões modernos como o A321 também dispõem de sistemas de alerta sonoro, como o GPWS (ground proximity warning system, ou sistema de alerta de aproximação de solo, que calcula a todo instante o perfil de vôo e o compara com a altitude). Caso haja perigo, uma voz soa na cabine, com o alerta: "terrain! terrain! (terreno)".
Porém, em fases críticas do vôo, como a aproximação para pouso, os profissionais ficam intensamente envolvidos com checagens de procedimentos e conversas com o controle de aproximação dos aeroportos. Um breve momento de distração ou uma falha de comunicação entre os tripulantes pode levar a um acidente CFIT - com o avião sem problema técnico algum e todos os instrumentos em ordem, voando sob controle, mas direto para o solo.
Pelo menos dez grandes acidentes desde 2000 foram, segundo investigações, do tipo CFIT, e muitas outras dezenas desde a década de 1950 também são classificados assim. O último, antes da queda do A321 da Air Blue, foi a tragédia que vitimou o presidente da Polônia, Lech Kaczynski, e mais 95 pessoas que estavam a bordo do Tupolev TU-154 da Força Aérea Polonesa, em 10 de abril deste ano. O jato polonês caiu em uma floresta, sob condições pobres de visibilidade, quando tentava o pouso no aeroporto da cidade russa de Smolensk.
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP
Foto: Pia321