Cumbica terá, enfim, sistema antinevoeiro
O Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, vai ter condições de operar com visibilidade zero a partir de 2011. O Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) anunciou ontem a instalação do sistema ILS3, que garante a precisão de pouso sem que o piloto enxergue a pista. Isso significa que Cumbica não precisará mais fechar por mau tempo. Desde junho, a neblina impediu que 60 mil passageiros pousassem ou decolassem.
Teoricamente funcionando 24 horas por dia, Cumbica ficou fechado mais de um quarto desse tempo no último mês e meio. O aeroporto opera atualmente com o sistema ILS2, que exige do piloto uma visibilidade de pelo menos 60 metros à sua frente, o que nem sempre é possível.
A categoria 3 que o Brasil vai alcançar em 2011 é o que há de mais avançado em segurança de voo no mundo. Aeroportos dos Estados Unidos, Bélgica e Inglaterra já utilizam o equipamento desde a década de 1960.
Para usufruir da nova tecnologia, no entanto, as companhias aéreas precisarão se adaptar. Hoje, apenas a TAM tem sistema compatível com o ILS3, e, ainda assim, apenas em aeronaves que fazem rotas internacionais. Além disso, para pousar em meio ao nevoeiro, o piloto também precisa de um treinamento especial. Tais exigências ainda não são obrigatórias, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Instalar o equipamento mais moderno ainda está longe de ser a solução para a situação aeroportuária. Com um investimento de R$ 150 milhões até 2014, ano da Copa, a Aeronáutica pretende ampliar a capacidade de controle de voos tanto em Cumbica quanto no Aeroporto do Tom Jobim/Galeão, no Rio.
São Paulo hoje tem capacidade 45 movimentações (pousos e decolagens) por hora em seu aeroporto internacional e poderá receber até 60 aeronaves simultâneas. O problema é que não há capacidade de pista nem terminal de passageiros para isso.
"Por enquanto, ainda não existe infraestrutura aeroportuária adequada. Mas se a Infraero decidir expandir os aeroportos, estaremos preparados", disse o coronel José Moretti da Silveira, chefe do SRPV-SP.
Outra pedra no sapato da aviação brasileira, Congonhas deve ganhar uma torre de controle até 2011, que permitirá visualização total da movimentação de aviões - a atual, construída em 1945, não dá aos controladores uma visão completa: é preciso o auxílio de técnicos da Infraero no gerenciamento dos "pontos escuros" da pista.
O aeroporto doméstico de São Paulo também continua sofrendo com a interferência das rádios piratas na comunicação entre o piloto e a torre. Por ser um aeroporto pequeno com pista mais curta, Congonhas continuará operando com a tecnologia ILS1, que exige o mínimo de 800 metros de visibilidade à frente do avião. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP