Manaus perde com gargalo em aeroporto
Deficiências na infraestrutura aeroportuária de Manaus causaram perdas de US$ 300 milhões na indústria e no comércio da Zona Franca somente no primeiro trimestre do ano. O gargalo dificulta o envio e o recebimento de suprimentos e mercadorias.
Marta Nogueira
O forte aquecimento da economia de Manaus com a chegada da Copa do Mundo e o aumento da procura por TVs esbarra no gargalo da infraestrutura aeroportuária. A Associação Comercial do Amazonas (ACA) estima perdas de US$ 300 milhões da indústria e do comércio locais no primeiro trimestre, por causa da falta de capacidade da cidade em receber e enviar demandas aéreas. De janeiro a maio, a Zona Franca de Manaus foi responsável pela produção de 2,5 milhões televisões, contra 857 mil no mesmo período de 2009 alta de 159% segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) declarou que o aumento de 236% das importações da região nos três primeiros meses de 2010 foi inesperado, e que, desde 2004, o governo investiu cerca de R$ 100 milhões no aeroporto.
O presidente da ACA, Gaitano Antonaccio, disse que o governo não deveria ter estimulado tanto o crescimento do comércio brasileiro sem que houvesse um plano de ações estratégicas para sustentar a o intercâmbio comercial interno. A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) estima que sejam produzidas no país, até o final do ano, cerca de 11,5 milhões de TVs. Se a produção da Zona Franca se mantiver, irá suprir cerca de 65% da demanda nacional em 2010. Existe uma ameaça de falta de TVs na cidade em pleno ano de Copa do Mundo disse.
Para Antonaccio, além do prejuízo com a falta de matéria-prima, o mercado está perdendo a oportunidade de incrementar ainda mais o número de trabalhadores e de outros serviços. Ele lembra que Manaus tem hoje oito grandes shoppings e três deles foram construídos apenas no ano passado. Das 12 cidades que vão sediar os jogos da Copa do Mundo, Manaus é a que apresenta o aeroporto em piores condições, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O aeroporto tem capacidade para atender nove pedidos por hora de pouso ou decolagem em horários de pico, mas recebe 17 solicitações praticamente o dobro do limite.
Nossa preocupação é também em relação ao turismo. Precisamos de um aeroporto com condições de receber turistas de todas as partes do mundo alerta Antonaccio.
Segundo a Infraero, para suprir a forte demanda, em menos de dois meses foram contratados 10 empregados concursados e 175 terceirizados, além do reforço de aproximadamente 27 empregados da Rede Infraero de outras cidades do país, como Guarulhos, Campinas, Salvador e Brasília.
Além disso, providenciou a instalação de lonados para o armazenamento adequado das cargas, entregou o armazém estruturado de 2,5 mil metros quadrados, reforçou o parque de equipamentos e participou ativamente de reuniões e fóruns com elos da cadeia logística a fim de manter todos os integrantes informados sobre o andamento das providências e os resultados obtidos, informou a Infraero em nota. O órgão afirma que no dia 28 de maio os voos pendentes foram regularizados.
Fonte: JORNAL DO BRASIL, via NOTIMP