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Cúpula nuclear fará pressão sobre EUA








Gustavo Chacra

Os EUA podem ser cocomprometendo-se até mesmo a assinar um adendo ao pacto ou realizar uma conferência sobre o tema no ano que vem.locados contra a parede na conferência para a revisão do Tratado de Não-Proliferação nuclear (TNP), que começa amanhã em Nova York. Os países árabes, aliados à Turquia e ao Irã, devem propor um Oriente Médio livre de armas nucleares.

A iniciativa pretende atingir diretamente Israel e forçar os EUA a se posicionarem no Oriente Médio. Na avaliação desses países - com a exceção do Irã e da Síria, todos mantêm relações amistosas com Washington -, caso os americanos realmente estejam interessados em promover a paz na região, deveriam apoiar o fim das armas nucleares e defender o desarmamento israelense. Se forem contra, serão acusados de terem dois pesos e duas medidas.

A pressão começou antes mesmo da cúpula nuclear convocada pelo presidente americano, Barack Obama, no mês passado. Os presidentes do Egito, Hosni Mubarak, e o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçaram levantar o debate sobre as armas israelenses no encontro. Para evitar constrangimentos, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou a viagem que tinha marcado para a capital americana.

Dias depois, o Egito, que possui acordo de paz com Israel, apresentou um documento oficial na ONU afirmando que "o ponto central da conferência deve ser o início de negociações, com a participação de todos os países do Oriente Médio, de um tratado efetivo para o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio".

Hipocrisia. Em uma conferência nuclear paralela em Teerã, em abril, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, também defendeu o plano. "O regime sionista (termo usado por ele para referir-se a Israel), com mais de 200 ogivas nucleares, provocou uma série de guerras na região e é apoiado integralmente por Washington e seus aliados. Enquanto isso, outros países são impedidos de utilizar energia nuclear para fins pacíficos", disse o presidente do Irã, país que é acusado pelos EUA de estar desenvolvendo ilegalmente um programa nuclear, suspeita que Teerã nega.

O líder sírio, Bashar Assad, já disse a diversos interlocutores que estaria aberto a receber qualquer forma de inspeção internacional dentro de seu território caso Israel abdicasse de suas armas nucleares.

Além da Turquia, do Irã e dos árabes, outros países também defendem uma posição similar, incluindo o Brasil. Em recente visita a Nova York e, posteriormente, a Washington, o chanceler Celso Amorim disse ser a favor de que o Oriente Médio se transforme em uma zona livre de armamentos nucleares, assim como a América Latina.

Oficialmente, os israelenses não confirmam e tampouco negam que tenham armas atômicas, apesar de analistas militares e governos de quase todo o mundo afirmarem que o arsenal existe.

Diferentemente do Irã, Israel não está sujeito às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e às sanções do Conselho de Segurança da ONU por não ser signatário do TNP. O Paquistão e a Índia estão na mesma situação.

Já os iranianos assinaram o pacto por vontade própria. Mesmo se saíssem agora do tratado, poderiam sofrer punições por desrespeitar o acordo durante o período em que eram membros.

Os governos dos EUA, desde os anos 70, evitam tocar no tema, já que Israel é um dos maiores aliados americanos no mundo, recebendo uma ajuda militar anual de US$ 3 bilhões.

A posição do governo Obama deve ser a de apoiar um Oriente Médio livre de armas nucleares. Mas, ao mesmo tempo, Washington afirma que esse pacto deveria ser definido apenas depois de um amplo acordo de paz na região, segundo declarações da subsecretária de Estado dos EUA para Controle de Armas, Ellen Tauscher. "Até haver um processo de paz avançando, será bastante difícil falar na realização de uma conferência [EM 2011]sobre as armas de destruição em massa", disse.

Otimismo. O ex-embaixador Thomas Pickering, considerado um dos maiores especialistas em questão nuclear nos EUA, que já representou o governo americano em Israel, afirmou recentemente à rede britânica BBC que "os israelenses têm especificamente e cuidadosamente mantido a ambiguidade (sobre a existência de um arsenal nuclear)".

"Se eles chegassem a assinar o TNP, teriam de abdicar dessas armas, se é que realmente elas existem. Mas não acho que essa seja uma possibilidade. Caso os israelenses tenham essas armas, certamente não ameaçaram ninguém. Além disso, eles disseram ser a favor de um Oriente Médio livre de armas nucleares assim que resolverem seus problemas."

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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