Brasilia: Aeroporto se prepara para 2014
Reforma começa em setembro e será realizada em duas etapas, ao custo total de R$ 1,3 bilhão. A obra elevará a capacidade de 10 milhões para 26 milhões de passageiros/ano.
Mariana Branco
A reforma do Aeroporto Juscelino Kubitschek, que ampliará a capacidade do terminal aéreo de 10 milhões de passageiros para 26 milhões por ano, finalmente tem data para começar. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) anunciou que o cronograma de obras será aberto em setembro deste ano. Os trabalhos serão divididos em duas etapas e, até 2015, cerca de R$ 1,3 bilhão serão gastos. Os recursos virão do governo federal, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e da própria Infraero.
As obras de reforma e ampliação do Aeroporto JK objetivam preparar o terminal para uma demanda anual de 19,9 milhões de passageiros prevista para 2014, quando Brasília será uma das cidades-sede da Copa do Mundo. No entanto, também visam suprir a deficiência de espaço e estrutura do terminal aéreo constatada por especialistas. De acordo com estimativa do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), este ano 14,3 milhões de passageiros circularão pelo Aeroporto, que só consegue comportar 10 milhões no período.
A primeira dependência do Aeroporto de Brasília a passar por intervenções será o atual terminal de passageiros, composto de pavimento térreo, primeiro andar e mezanino. Segundo informações da Infraero, as salas de embarque, desembarque e os centros de triagem de bagagem, correspondentes a 25 mil metros quadrados de toda a área, serão reformados. A empresa não especificou que tipo de alterações serão feitas.
Durante a reforma do terminal de passageiros, algumas áreas de circulação serão interditadas. De acordo com a Infraero, para evitar transtornos aos passageiros, o fechamento observará uma escala de horário de forma a não impactar o funcionamento do Aeroporto.
De forma concomitante às obras no terminal de passageiros, será dado início à construção de parte do Terminal Sul, um novo prédio que funcionará como expansão da estrutura física atual do Aeroporto JK(1). O crescimento será na direção do atual Terminal de Cargas. A previsão é de que a primeira etapa da estrutura do Terminal Sul, que deverá comportar 8 milhões de passageiros anuais, esteja pronta até abril de 2013.
Enquanto a primeira etapa do Terminal Sul não é concluída, a Infraero vai recorrer a um a estrutura móvel pré-fabricada, chamada pelos engenheiros de módulo operacional, para atender ao crescimento anual da circulação de passageiros. O prédio provisório terá 1,2 mil metros quadrados, água, energia e capacidade para receber 8 milhões de pessoas. A montagem está prevista para agosto de 2012. Somados, a reforma do terminal existente, a construção da primeira etapa do Terminal Sul, e a implantação do módulo operacional custarão R$ 736,4 milhões. Outra obra que faz parte da primeira etapa é a ampliação da pista de táxis, orçada em R$ 44,2 milhões, o que eleva o custo da primeira fase a R$ 781 milhões.
1 - Movimento
Atualmente, o Aeroporto Juscelino Kubitschek é o terceiro terminal aéreo mais movimentado do país, devido ao fato de Brasília sediar o governo federal e por causa da localização central da cidade no território nacional. A capital federal está atrás de São Paulo e Rio de Janeiro em volume de passageiros que circulam pelo Aeroporto. Ele o tem duas pistas, um aeroshopping composto por mais de 130 lojas e quatro salas de cinema. Em 2009, transportou 12,2 milhões de passageiros. A construção do Aeroporto foi iniciada em 6 de novembro de 1956. Em 1990, o Aeroporto Internacional de Brasília começou a ganhar a forma atual: um corpo central e dois satélites para embarque e desembarque de passageiros.
Campeão de conexões
Caso tudo ocorra dentro do cronograma estipulado pela Infraero, a segunda fase da reforma do Aeroporto JK será em 2013, imediatamente após a conclusão da primeira etapa. Será uma fase de arremate da ampliação iniciada, com a conclusão do prédio do Terminal Sul e expansão do pátio de aeronaves.
Está prevista ainda a construção de 12 pontes de embarque. O custo total da segunda fase está estimado em R$ 529,1 milhões. Quando as intervenções estiverem totalmente concluídas, o que deverá acontecer em 2015, a estrutura do Aeroporto Juscelino Kubitschek terá sido ampliada em 150 mil metros quadrados.
Na manhã de ontem, técnicos da Infraero fizeram uma apresentação da programação de obras para o Aeroporto JK e para terminais de outras cidades que terão jogos da Copa de 2014 ao Conselho Consultivo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Crescimento
Presente à reunião, o comandante Ronaldo Jenkins, diretor do Snea, disse acreditar que o planejamento apresentado para o Aeroporto de Brasília resolve o problema da demanda para a Copa do Mundo de 2014. Ele disse ainda que a figura do módulo operacional, estrutura móvel que recebe o volume de passageiros enquanto a reforma não é concluída, é uma boa solução para dar conforto aos passageiros durante as obras.
Jenkins destacou, no entanto, que é preciso encontrar soluções para fazer face ao aumento anual da demanda por voos, no Distrito Federal e no país. “Só no primeiro trimestre deste ano, houve um crescimento médio de 33% no volume de passageiros em todo o país. Os Aeroportos como um todo necessitam melhorar a infraestrutura”, disse.
O comandante lembra que boa parte dos 16 Aeroportos que receberá turistas para o Mundial de futebol de 2014 opera acima da capacidade. O dado está em um estudo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Snea. O levantamento revelou que, dentre todas as cidades pesquisadas, Brasília estava na pior situação.
Brasília, além de São Paulo, é um dos principais alvos de apreensão. Os Aeroportos das duas capitais são campeões em quantidade de conexões para outros destinos. A capital federal fica em primeiro lugar, e a paulista, em segundo.
Além do problema com fluxo de passageiros, o pátio do Aeroporto de Brasília opera dentro do limite máximo de posições para aeronaves. São 42 estacionadas, e é necessário o acréscimo de mais 110 mil metros. O Aeroporto JK possui área ociosa, ocupada por sucatas de aeronaves de companhias que não operam mais, como a Vasp e a Transbrasil. (MB)
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP (foto: Agencia Brasil)