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BRA: Decolagem abortada








Depois de um ano operando com voos fretados para empresas e times de futebol, a BRA é forçada a aterrissar. Será o fim da companhia?

Por Rosenildo Gomes Ferreira

A trajetória da BRA Transportes Aéreos tem sido marcada por altos e baixos desde a sua fundação, em 1999. De pequena companhia aérea destinada a fazer voos charter para a operadora de turismo PNX Travel, ela atingiu seu apogeu, em 2006, quando, já como uma empresa de voos regulares, faturou R$ 340 milhões cobrindo 30 destinos em todo o Brasil.

Sua queda, entretanto, veio com força total, em 2007, junto com dívidas que atingiam R$ 230 milhões. Com isso, suspendeu as operações, devolveu as 11 aeronaves e deixou 70 mil passageiros na mão. Mesmo com um passivo desse porte nas costas, a empresa tentou voltar, em abril de 2009, ao retomar os voos charter depois de um longo processo de renegociação com os credores.

Mas, em janeiro, fez um pouso que parece ser definitivo, pois devolveu para a Gol a única aeronave de sua frota, um Boeing 737-300. O que deu errado nessa nova tentativa de decolagem? Nosso crescimento está sendo prejudicado pela Agência Nacional de aviação Civil (Anac), que nos impede de vender pacotes com mais de três meses de antecedência, queixa-se Walter Folegatti, diretor de operações da BRA e irmão do fundador, Humberto Folegatti.

Trata-se, segundo o empresário, de um período muito curto em um setor cujo planejamento tem de ser feito pelo menos no médio prazo. Juliano de Alcântara Norman, superintendente da Anac, rebate. Ele diz que a medida se deve ao fato de a BRA não ter apresentado um plano para ressarcir três mil passageiros que compraram bilhetes em 2007, mas que até hoje não fizeram a viagem nem receberam o dinheiro de volta. Não podemos agir como se nada tivesse acontecido, justifica Norman.

A BRA já viveu a situação dos sonhos de qualquer companhia. Em 2007, antes do colapso, a empresa recebeu uma injeção de US$ 120 milhões de um grupo de fundos, capitaneado pelo Gávea Investimentos, de Armínio Fraga. A lentidão em profissionalizar o comando da BRA e as constantes brigas entre os investidores e Humberto Folegatti, que à época presidia a companhia e hoje se afastou do negócio, fizeram com que a empresa ficasse sem fontes de financiamento.

A saída foi recorrer à recuperação judicial. Mesmo trocando farpas com a Anac, Walter Folegatti aposta em um plano para convencer o órgão regulador de que pode voar. Para o empresário, a BRA ainda possui muitos pontos positivos. Desde que retomou as operações, a companhia apostou em contratos com empresas, agências de turismo e times de futebol.

Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Corinthians foram algumas das equipes que voaram nas asas da BRA. Com isso, ela conseguiu fechar o ano com uma tímida receita de R$ 4 milhões quase nada para quem pretendia dominar a aviação comercial brasileira. Para arcar com as dívidas trabalhistas, a BRA também tem se virado do jeito que pode.

Recentemente, Walter Folegatti levantou US$ 4,5 milhões com a venda da opção de compra de 20 aeronaves da Embraer. Os recursos foram usados para quitar as dívidas trabalhistas e compor o capital de giro. A BRA voltou a investir no que sabe fazer melhor: fretamentos e os voos charter, explica Walter Folegatti. Apenas isso, porém, não deve ser o bastante.

É que, além das restrições da Anac, o mercado mudou radicalmente nos últimos dois anos. A CVC, por exemplo, ampliou seus domínios ao assumir o controle da Webjet. O setor aéreo é muito dinâmico. Quem sai da fila perde o lugar, argumenta o consultor Paulo Sampaio, especialista em aviação. A única companhia que conseguiu voltar depois de um pouso forçado foi a Passaredo, completa.

A marca BRA também não ajuda. Depois de deixar milhares de pessoas com as mãos abanando, ficou muito manchada no mercado. A imagem, de fato, foi arranhada, diz Augusto Nascimento, sócio da consultoria de marketing BBN Brasil. O controlador da BRA, como era de se esperar, discorda. Segundo ele, a empresa é viável e ainda possui uma imagem positiva no mercado.

Para retomar as operações, ele pretende convencer os credores, basicamente bancos, a transformar a dívida em participação acionária. Eles aceitaram reduzir o passivo em 70% e essa pode ser uma saída interessante, diz Walter Folegatti. Com a dívida zerada, ele pretende abrir caminho para captar novos recursos no mercado. Outra tarefa que não parece ser muito fácil. A última investida da BRA nessa seara terminou mal para os investidores. Procurado pela reportagem de DINHEIRO, Fraga não quis fazer nenhum comentário sobre a ainda sócia BRA

Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO, via NOTIMP

Foto: Agencia Brasil



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