Base de paraquedistas será no Centro-Oeste
Exército vai remanejar tropa do Rio para Goiás. Intenção é ter brigada em região central pronta para chegar rápido, em situações de emergência, a qualquer localidade do país.
Edson Luiz
Uma das tropas de elite do Exército, a Brigada de Infantaria Paraquedista, situada no Rio de Janeiro, será transferida para a Região Centro-Oeste, provavelmente para o estado de Goiás. A decisão faz parte de uma estratégia das Forças Armadas de mudar gradativamente as unidades concentradas no Sul e no Sudeste do país para reuni-las em áreas centrais do Brasil e da Amazônia. Na última década, três grandes contigentes — com cerca de 5 mil militares — já foram deslocados. Nesse período, outra brigada foi criada em Goiânia (GO).
O deslocamento mais rápido para qualquer parte do país é uma das razões para se transferir a Brigada de Infantaria Paraquedista para o Centro-Oeste. O Exército não informou em qual cidade a unidade será instalada, mas a hipótese mais provável é que seja Anápolis (GO), que já conta com uma base da Força aérea Brasileira (FAB). Além disso, o contigente de pronto-emprego ficaria bem próximo do Distrito Federal, onde estão os Poderes do país. A brigada também poderia se deslocar em pouco tempo para a Amazônia, caso fosse necessário, em uma situação emergencial.
Segundo o Comando do Exército, o planejamento é transferir o máximo possível de tropas para o Centro-Oeste e para o Norte do país nos próximos 30 anos. Até agora, foram deslocadas unidades do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, onde está concentrado o maior número de militares. Para Amazonas, por exemplo, foram enviadas a Tefé e a São Gabriel da Cachoeira duas Brigadas de Infantaria Motorizadas, que hoje operam em áreas de fronteira. Outra brigada saiu de Petrópolis (RJ) para Boa Vista (AM).
A Região Norte é, há 40 anos, o centro das atenções da Força. “A Amazônia tem sido uma prioridade do Exército desde os anos 1970, com o intuito de reforçar a segurança da sua extensa faixa de fronteiras e contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região”, afirma o Centro de Comunicação do Exército (Cecomsex). “A relevância dessa opção foi confirmada por programas e projetos dos diversos governos desde então e, mais recentemente, a Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada em dezembro de 2008, projeta essa prioridade no presente e no futuro, inclusive com recomendações específicas, como forma de garantir a soberania da Nação”, acrescenta a Força, em nota.
Greve
Criada em 1945, a Brigada de Infantaria Paraquedista já foi empregada na Região Centro-Oeste em pelo menos uma ocasião nos últimos anos. Foi durante a greve da Polícia Militar de Tocantins de 2001, quando centenas de soldados e sargentos, acompanhados de familiares, ocuparam o quartel da corporação em Palmas. O Comando Militar do Planalto enviou homens para a cidade, enquanto paraquedistas desembarcavam para a necessidade de uma tomada do prédio pelo ar. A greve acabou depois da interferência do Ministério Público Federal, mas não houve incidentes entre os dois lados.
A tendência do Exército em incrementar o programa de remanejamento de tropas já deslocou pelo menos cinco mil militares para regiões estratégicas do país, como na Amazônia e agora no centro do Brasil. Em Goiânia, a força criou a Brigada de Operações Especiais, que, assim como os paraquedistas, é uma unidade de elite de pronto-emprego. “Um dos programas do Plano de Articulação é o Sentinela da Pátria. O programa inclui, basicamente, projetos relativos à transferência, à transformação e à implantação de Unidades Militares. Entre esses projetos, consta o de transferência da Brigada de Infantaria Paraquedista para a região Centro-Oeste”, explica o Centro de Comunicação do Exército.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP