Thiago Lacerda em Segurança Nacional: "Passei cinco dias acampado na selva"
Filme enfoca a tecnologia utilizada pelas Forças Armadas Brasileiras e tem Milton Gonçalves no papel de presidente do país
Patrícia Agusti
Ao som de tiros, uma tropa de soldados com armas em punho, fardados e com os rostos pintados para a guerra se posta em frente a um avião R99, um dos modelos que cumprem missões do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). A porta da aeronave se abre e de lá saem Thiago Lacerda, com um revólver em punho, e Milton Gonçalves, escoltado pelo colega ator. Assim, com ares de superprodução, o elenco de Segurança Nacional recebeu a imprensa para o lançamento do filme, previsto para estrear nos cinemas brasileiros no dia 7 de maio.
A sinopse é uma investida no gênero de ação, praticamente inexplorado pelo cinema nacional. Na história, Lacerda é Marcos Rocha, um agente secreto da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) que tenta impedir que o poderoso narcotraficante Hector Casca (vivido pelo ator mexicano Joaquim Cosio) destrua o quartel general do SIVAM e exploda artefatos nucleares em importantes regiões do país. Como pano de fundo está a criação da Lei do Abate, que permite ao exército abrir fogo a qualquer aeronave hostil que entre no espaço aéreo amazônico. A atriz Ângela Vieira vive a Dra. Glória, diretora da ABIN, diretamente ligada ao presidente Ernesto Dantas, encarnado por Gonçalves. O elenco conta também com Aílton Graça (agente Daniel), Gracindo Júnior (senador Dauro), Viviane Victorette (Fernanda, namorada de Rocha), entre outros.
Não é à toa, a coletiva foi realizada em um dos hangares da base aérea militar de Guarulhos. A contribuição do Exército, Marinha e Aeronáutica para as filmagens de Segurança Nacional foi determinante para dar verossimilhança às cenas de ação. “Não queríamos colocar algo que não existisse no Brasil. É emocionante acompanhar as missões das Forças Armadas, ver como embarcaram nesse projeto e toparam mostrar na ficção como funciona a corporação”, explica o diretor Roberto Carminati. Além do R99, havia também outras aeronaves do Exército: um helicóptero Pantera, um caça F5, um Super Tucano e um Hércules, que ficou na entrada do hangar e serviu de abrigo para os repórteres assistirem ao trailer do filme.
Distribuído pela Europa Filmes, a produção custou R$ 5 milhões de reais e a maior parte dos recursos foram recolhidos por meio da Lei do Audiovisual. Para o produtor Érico Ginez a maior dificuldade foi convencer os patrocinadores de que a intenção não era fazer algo institucional sobre o Exército. “O apoio dos militares nos deu credibilidade. Mas tivemos que começar com verba própria para só depois chegar às empresas”, completa Ginez. Já o Carminati opina que o maior entrave foi “traduzir o que se viu ao vivo dos treinamentos para a tela” e que o diferencial “é ver um herói brasileiro defendendo o seu país”.
As cenas de ação demandaram esforço físico dos atores. Lacerda, por exemplo, ficou cinco dias em um acampamento militar avançado no meio da selva amazônica como parte de um trabalho de “desmitificar figuras como tenentes e coronéis”, nas palavras do ator. O elenco se mostrou otimista e confiante no êxito do filme pela inexistência de produções brasileiras que mostrem as Forças Armadas por um ângulo positivo, como uma corporação que utiliza tecnologia avançada e sem focar a ditadura militar ou causas sociais.
“Vai ser um grande sucesso, porque a história é boa. Um grande filme tem de ser entendido por todos os ângulos e, em 10 minutos, deve-se entender quem é quem no enredo. Isso é pensar no cinema como um produto para ser vendido”, aponta Milton Gonçalves. Já o galã Thiago Lacerda ressalta que apesar da importância das questões sociais nas telonas brasileiras, é importante reconhecer o pioneirismo do trailer. “O que estamos fazendo é outra ponta da história (do cinema nacional). Por isso topei fazer o papel. Ouço há muito tempo que nós, brasileiros, não sabemos fazer filme de ação. Que este seja o primeiro de muitos.” Resta saber se Segurança Nacional fará jus aos efeitos especiais do trailer e quebrará a desconfiança do público brasileiro, que não está acostumado a ver produções nacionais desse porte.
Fonte: REVISTA ÉPOCA, via NOTIMP