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Obama ignora Lula e pede sanções imediatas ao Irã






Presidente dos EUA insiste em ação contra iranianos por programa nuclear

Andreia Murta
Cristina Fibe

Momentos após ouvir proposta do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo a continuidade da negociação com o Irã; o presidente dos EUA, Barack Obama, insistiu na defesa de sanções duras e imediatas da ONU contra o pais persa devido a seu programa nuclear. O debate ocorreu na Cúpula de Segurança Nuclear, que reuniu em Washington 47 líderes mundiais.

O presidente americano participou de reunião de 15 minutos, não programada, com Lula e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan para discutir, a pedido dos dois, alternativas à punição aos iranianos.

Segundo o chanceler celso amorim, Obama "não foi categórico" nem disse ser contra mais negociações. Tanto o presidente quanto o Departamento de Estado, porém, voltaram a pedir ações contra o Irã Potências ocidentais temem que o país desenvolva a bomba atômica, o que Teerã nega.

Obama não cede a apelo de Lula sobre o Irã

Após reunião na qual brasileiro defendeu continuidade de diálogo com Teerã, presidente dos EUA insiste na pressão por sanções

Departamento de Estado diz que se pode até discutir o teor das punições, mas que hora é de agir; Brasil seguirá busca por saída negociada

Momentos após ouvir proposta do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo a continuidade da negociação com o Irã, o presidente dos EUA, Barack Obama, insistiu ontem na defesa de sanções duras e imediatas da ONU contra o país persa devido a seu programa nuclear. A conversa ocorreu às margens da Cúpula de Segurança Nuclear, que reuniu 47 líderes mundiais em Washington.

Obama teve uma reunião trilateral não programada com Lula e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a pedido dos dois governantes. Lula e Erdogan haviam discutido uma proposta alternativa a sanções anteontem, e decidiram conversar com Obama para defendê-la. O encontro, de cerca de 15 minutos, ocorreu logo após uma reunião bilateral oficial entre EUA e Turquia na tarde de ontem.

"Brasil e Turquia acreditam que sanções tendem a endurecer posições", disse ontem o chanceler celso amorim. "Todos compartilham do desejo de evitar usos militares da energia nuclear. Mas acreditamos que ainda é possível uma solução negociada e pedimos que se dê uma chance a esse esforço."

Segundo amorim, Obama "não foi categórico". "Creio que a visão dos EUA é a de que muita coisa já foi tentada [em vão], mas Obama não disse ser contra mais negociações."
Pouco depois da reunião com Lula, entretanto, Obama disse a jornalistas no encerramento da cúpula que pretende "ir adiante [com sanções] com coragem e rapidamente". "Acho que muitos países do Conselho de Segurança da ONU acreditam que essa é a coisa certa a fazer", completou.

Os EUA afirmam que alcançar uma resolução sobre uma quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã é questão de semanas.
Ontem, Obama reiterou que "os chineses já enviaram um representante para negociar a elaboração de uma resolução [contra o Irã]". Pequim, com poder de veto no conselho, vinha sendo o maior entrave para a aprovação das sanções.

"Sabemos que muitos países têm relações comerciais com o Irã. Mas o que disse ao presidente Hu [Jintao, da China] e a outros líderes é que palavras têm que significar algo. [A intenção] é isolar países que rompam seus compromissos internacionais", declarou.

O Departamento de Estado afirmou que se pode até discutir o teor das sanções, mas "é hora de agir".
Apesar da intransigência americana, o Brasil pretende continuar a discutir a solução negociada com outros líderes ainda nesta semana: os presidentes de China e Rússia virão ao Brasil para participar de cúpula do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), a partir de sexta-feira, e o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, será recebido em Brasília no sábado. "Não precisamos pedir licença a Obama para fazer o que estamos fazendo."

Amorim já havia discutido o tema com Davutoglu, anteontem à noite. Ele também se reuniu com o colega britânico, David Miliband.

Já Lula se reuniu ontem com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que apoia sanções, e com o premiê canadense, Stephen Harper.

O chanceler brasileiro disse que Lula não falou sobre pontos técnicos de uma proposta alternativa com Obama. O Brasil vem defendendo, porém, o uso da Turquia como intermediária para a troca de urânio pouco enriquecido do Irã por urânio altamente enriquecido de outros países, de forma a evitar que Teerã possua estoque suficiente do material para produzir a bomba.

A posição contra as sanções pode acabar isolando Brasil e Turquia, que atualmente ocupam assentos rotativos no conselho. Ontem, segundo a imprensa argentina, a presidente Cristina Kirchner usou como argumento para insistir em ter um encontro bilateral com Obama o fato de "não compartilhar da posição do Brasil quanto às sanções".

TNP

Lula falou à cúpula defendendo a observância brasileira de tratados internacionais -o Brasil não assinou o Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação, que facilita inspeções de instalações nucleares dos signatários pela AIEA (agência atômica da ONU), e sofre pressões a respeito. Em documento que o Brasil distribuiu na cúpula, o país defende a prioridade ao desarmamento das potências nucleares.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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