América Latina ganha espaço na estratégia da Airbus
Virgínia Silveira, para o Valor, de São Paulo
A fabricante europeia de aeronaves Airbus quer aumentar de 42% para 50% a sua participação no mercado de aeronaves comerciais de mais de 100 assentos na América Latina, onde possui hoje uma frota de 369 jatos em operação. "É a única região no mundo onde as companhias aéreas não perderam dinheiro em 2009 e não vão perder esse ano também, disse o vice-presidente da Airbus para América Latina e Caribe, Rafael Alonso.
No Brasil, de acordo com o executivo, a demanda por transporte aéreo quase que dobrou nos últimos 10 anos, enquanto que no mundo o tráfego aéreo dobra a cada 15 anos. A Airbus, segundo Alonso, aposta no crescimento contínuo das companhias aéreas brasileiras, embora admita que 2010 ainda será um ano de transição e com vendas menores, se comparado aos níveis de 2007 e 2008. "Devemos fechar 2010 com um pouco mais de 30 aeronaves vendidas, equivalente ao desempenho de 2009", disse.
A América Latina respondeu por 10% das vendas mundiais da Airbus em 2009, que totalizaram 310 unidades, número bem abaixo dos 777 aviões vendidos em 2008 e dos 1.200 de 2007. As projeções para o Brasil nos próximos 20 anos, no entanto, segundo o executivo, são otimistas: 510 novas aeronaves com mais de 100 lugares até 2028, um negócio que pode chegar a cifra de US$ 60 bilhões.
A frota brasileira de aeronaves comerciais, segundo pesquisa de mercado global feita pela Airbus, registrará crescimento de 139% até 2028, passando das atuais 248 para 592 unidades em operação. Desse total, cerca de 365 aeronaves serão de corredor único, como o modelo A-320, o mais vendido na região; 136 aeronaves de dois corredores, além de nove aeronaves A380. O volume de negócios movimentado por esse crescimento é estimado pela Airbus em US$ 59,4 bilhões.
Apesar da crise mundial, o tráfego aéreo no Brasil está hoje 36% acima dos níveis atingidos no ano 2000. Com a proximidade dos jogos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a previsão da Airbus é que esses números aumentem ainda mais. "Espera-se um aumento de 5,9% na taxa média de crescimento anual de faturamento por passageiros por quilômetros transportados por companhia aérea entre 2009 e 2014.
A Airbus afirma que a introdução do modelo A-380 no mercado brasileiro deve acontecer em breve e, provavelmente, será através de empresas como a espanhola Iberia, que recentemente anunciou uma fusão com a britânica British Airways, do Reino Unido, e a companhia alemã Lufthansa. "Com certeza, essas empresa têm interesse em trazer o A-380 para o Brasil, que será uma das opções mais adequadas para sustentar o forte crescimento da economia do país e a demanda por viagens internacionais".
Questionado sobre a falta de infraestrutura dos aeroportos do país para receber uma aeronave de grande porte como o A380, Alonso disse que não acredita que isso venha a ser um empecilho. "As adaptações vão acontecendo à medida que os mercados evoluem. Na década de 60 o maior avião era o B-747, de 150 passageiros e com a chegada de outros maiores a infraestrutura foi se ajustando. Hoje, Guarulhos já recebe, bem, aviões como o B-747 , de mais de 400 passageiros, que vêm da Coreia e do Japão", comentou.
Segundo Alonso, a América Latina é uma região que ainda tem muitas rotas internacionais para serem exploradas. "O tráfego aéreo na região está concentrado hoje em 200 aeroportos e existem 183 combinações possíveis entre eles, mas apenas 90% dessas rotas estão servidas."
Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP