UFRN participará do 1º satélite
O Plato não é a única boa novidade para a pesquisa espacial potiguar. A UFRN também integra o novo programa da Agência Espacial Brasileira (AEB), chamado de Itasat, que pretende lançar ao espaço o primeiro satélite universitário brasileiro e também o primeiro totalmente nacional. José Renan explica que anteriormente os satélites eram desenvolvidos dentro de institutos como o Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e o Tecnológico de Aeronáutica (Ita), ambos localizados na cidade paulista de São José dos Campos.
A Agência Espacial Brasileira, com o Itasat, decidiu ampliar o leque e incluir as universidades. Ao mesmo tempo em que participam e contribuem com o programa, as instituições formam pessoal para a área espacial, considerada uma carência atual do Ensino Superior. "O Itasat começou a ser pensado há uns cinco anos e não se restringe a um satélite, mas a um programa. Tanto que será no Itasat 2, daqui a uns três a cinco anos, que a UFRN vai efetivamente entrar com a mão na massa."
Para o Itasat 1, a UFRN tem atuado principalmente no acompanhamento e desenvolvimento de softwares. A expectativa é de o primeiro satélite ser lançado em 2012. Será um marco. "O mundo produziu até hoje cerca de 9 mil satélites e o Brasil tem quatro ou cinco, mas desenvolvidos junto com outros países. O país até hoje não desenvolveu nenhum totalmente nacional", revela o astrônomo. O equipamento ficará na chamada baixa órbita, a cerca de 600 km de altitude. Um grande satélite de telecomunicações, por exemplo, permanece a cerca de 42 mil km da terra.
"O Itasat é de pequeno porte, cerca de 80 kg e dimensões de 60 cm X 60 cm X 70 cm", detalha. O objetivo será a coleta de dados. O tipo de informação a ser coletada, porém, será definido na fase final do projeto. Um dos critérios é que o "serviço" prestado pelo Itasat 1 vá ao encontro das necessidades da Agência Espacial Brasileira e dos dois coordenadores principais do projeto, Inpe e ITA. O professor da UFRN cita dentre as possibilidades o registro de dados meteorológicos em geral.
"A participação no Itasat 1 também representa um incentivo para a formação de recursos humanos na UFRN voltados para a área espacial", acrescenta José Renan. Já no Itasat 2, cuja missão também será de coleta de dados, a universidade poderá, inclusive, desenvolver partes do satélite. Para isso serão montadas novas estruturas e laboratórios. O astrofísico explica que é difícil mensurar o valor total investido, pois há custos efetivos com o satélite e o trabalho de inúmeros especialistas, pesquisadores, professores e estudantes envolvidos.
Além do Departamento de Física, onde atua José Renan, outros setores da UFRN podem se integrar ao projeto, como os de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, da Computação e os departamentos de Informática.
Missão Corot é considerada um sucesso
O satélite Corot está há três anos no espaço e deve permanecer orbitando por mais três. O Brasil é o único país fora da Europa a fazer parte do consórcio responsável pela missão, comandada pela França e que reúne diversas nações europeias. “É uma missão de sucesso, buscando planetas fora do sistema solar e estudando comportamento de estrelas mais jovens, da mesma idade e mais velhas que o sol, para tentar entender como o sol vai evoluir, envelhecer e influenciar as condições de vida e habitabilidade em nosso planeta”, esclarece José Renan.
Participam do projeto cerca de 80 cientistas brasileiros e em Natal funciona um centro da missão, local onde os dados captados pelo satélite são tratados e distribuídos para o restante do Brasil. No caso do planeta gigante cuja descoberta foi anunciada na última semana, chamado de Corot-9b, o satélite o identificou após 150 dias de observações, em 2008. Os parâmetros do planeta foram verificados no ano passado por um telescópio na Espanha e confirmados por outro telescópio localizado no Chile.
O novo satélite, o Plato, também terá um telescópio para captar a luz das estrelas e também estudará a oscilação desses corpos celestes. Segundo José Renan, o estudo representa uma verdadeira “dissecação” das estrelas, que permite a coleta de dados para entender melhor o comportamento do atual e futuro do sol.
O professor José Renan coordena o Instituto Nacional de Estudos do Espaço disse que a entidade congrega 180 cientistas de todo o Brasil, em universidades espalhadas pelo país, e está sediado em Natal, embora ainda não conte com prédio próprio. O instituto utiliza a estrutura de diversas universidades e centros de pesquisa onde atuam seus integrantes. "Há inúmeras pesquisas sendo feitas. Sobre formas de vida em condições extremas na terra, geleiras profundas, minas de sal. Aqui em Natal temos cientistas da área de Biologia fazendo experimentos em micro e hipergravidade, para entender, por exemplo, como a cana-de-açucar se comporta nessas condições e, a partir daí, trabalhar o melhoramento genético", diz. No ITA, estão desenvolvendo um satélite científico chamado Mirax e também construindo aparatos para satélites. "Ou seja, o instituto é algo grandioso", resume o professor, que atua "sincronizando" os diversos trabalhos desenvolvidos.
Fonte: TRIBUNA DO NORTE, via NOTIMP