Lula pede cautela na escolha de caças
Visitado por suecos, presidente diz que pretende ouvir "sociedade"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não se decidiu ainda sobre a compra dos 36 aviões de caça, cuja disputa envolve empresas suecas, francesas e norte-americanas.
Lula disse, ainda, que sua preocupação é escolher sem pressa, nem traumas, pois este ano é eleitoral e, portanto, atípico. O presidente também disse que pretende ouvir setores da sociedade antes de escolha. Para o presidente, o objetivo é garantir a melhor parceria para o Brasil ter condições de fabricar caças e, futuramente, ser exportador.
Temos apenas de ter o cuidado necessário porque estamos em ano eleitoral e uma coisa desta envergadura não pode ser especulação política, vamos ter de conversar com todos os setores da sociedade. Depois, vamos tomar a decisão, afirmou o presidente após encontro com o rei e a rainha da Suécia, Carl XVI Gustaf e Silvia, no Palácio Itamaraty, disfarçando o favoritismo dos franceses na disputa.
Depois de conversar com o rei, Lula disse que também está pronto para tratar do tema com os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy. Bem-humorado, Lula brincou sobre a possibilidade do Brasil conseguir fazer a compra com preços mais baixos.
É importante ouvir o que cada um vai falando, quem sabe assim os preços vão caindo (risos) e a gente vai conversando. De toda forma, todo mundo sabe que nós queremos ter tecnologia e quem sabe, no futuro bem próximo, fabricar esses aviões no Brasil. E isso vamos decidir sem traumas, disse o presidente.
Em abril, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve concluir relatório sobre a compra dos 36 caças. O Ministério da Defesa analisa as propostas apresentadas pelas três empresas finalistas: a sueca Saab, fabricante do modelo Gripen NG; a norte-americana Boeing, responsável pelo caça F-18 Super Hornet; e o consórcio Rafale International, liderado pela francesa Dassault. O próprio Jobim não esconde que os franceses estão na frente na disputa por uma questão político-estratégica, ainda que relatórios preliminares da Aeronáutica tenham apontado o caça sueco como o mais indicado. Lula confirmou que vai convocar o Conselho de Defesa Nacional para discutir o assunto e só depois tomará a decisão.
O rei Carl XVI Gustaf apelou ao presidente para ampliar as parcerias de cooperação dos setores de defesa militar, tecnologia, educação e meio ambiente entre Brasil e Suécia.
Eu estou confiante na parceria estratégia entre Suécia e Brasil, afirmou o rei retribuindo o brinde oferecido pelo presidente Lula no almoço no Itamaraty. Estamos ansiosos pela visita à Embraer (Empresa Brasileira da Aeronáutica que é fabricante de aviões para o uso comercial, executivo, agrícola e militar), em São José dos Campos (SP), e a possibilidade de cooperação entre os dois países na área da Aeronáutica.
Hoje, Carl XVI Gustaf e Silvia estarão em São Paulo para visitar a sede da empresa brasileira.
Também têm encontro com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Vale Soluções em Energia. O rei também participará de Seminário sobre Cooperação Tecnológica e Industrial bilateral.
Fonte: JORNAL DO BRASIL, via NOTIMP