Oferta dos EUA ''não tem paradigma'', diz Shannon
Denise Chrispim Marin, BRASÍLIA
Ao entregar ontem suas credenciais de embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon reforçou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a escolha do caça F18 Super Hornet, da Boeing, na concorrência aberta pela Força Aérea Brasileira (FAB) envolverá uma oferta de transferência de tecnologia "sem precedentes" e a elevação do grau de confiança de Washington em relação a Brasília. "A oferta americana não tem paradigma. Isso demonstra a nossa confiança no Brasil", afirmou, horas depois da cerimônia, em entrevista. "Estamos dispostos a dar passos com o Brasil que, no passado, não pudemos dar."
Shannon sustentou a expectativa de que a Boeing ainda possa ser a escolhida nas declarações dos ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e de Nelson Jobim, da Defesa. Ontem, ambos negaram que a francesa Dassault tivesse vencido a concorrência por ter reduzido em US$ 2 bilhões o valor total de venda dos 36 jatos requeridos pela FAB.
Indiretamente, Shannon concordou que a "franqueza é sempre bem-vinda na diplomacia" e essa premissa não foi observada no processo de escolha dos caças. Por duas vezes durante a entrevista, insistiu que a concorrência tem caráter estritamente comercial e que um resultado desfavorável à Boeing não afetará as relações de amizade e de aliança de seu país com a França ou a Suécia. Mas não chegou a incluir o Brasil nessa pequena lista.
Indicado pelo presidente Barack Obama, em maio de 2009, Shannon obteve o necessário aval do Senado americano somente no final de dezembro passado. Ontem, passou a atuar oficialmente como embaixador em Brasília ao entregar as cartas credenciais ao presidente Lula.
Nas próximas semanas, os EUA promoverão uma demonstração real das habilidades do F18, durante uma operação conjunta das Armadas dos dois países.
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP