Embaixador diz que EUA ainda estão no páreo
BRASÍLIA – Ao entregar ontem suas credenciais de embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon reforçou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a escolha do caça F18 Super Hornet da Boeing, na concorrência aberta pela Força Aérea Brasileira (FAB), envolverá uma oferta de transferência de tecnologia “sem precedente” e a elevação do grau de confiança dos EUA com o País.
“A oferta americana não tem paradigma. Isso demonstra nossa confiança no Brasil”, afirmou, horas após a cerimônia, em entrevista à imprensa. “Estamos dispostos a dar passos com o Brasil que, no passado, não pudemos dar”, completou. Shannon sustentou sua expectativa de que a Boeing ainda possa ser a escolhida. O chanceler Celso Amorim e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, negaram que a francesa Dassault tenha vencido a concorrência.
Indiretamente, Shannon concordou que “a franqueza é sempre bem-vinda na diplomacia” e que essa premissa não foi observada no processo de escolha dos caças da FAB. Por duas vezes, na entrevista, insistiu que a concorrência tem caráter estritamente comercial e que um resultado desfavorável à Boeing não afetará as relações de amizade e de aliança de seu país com a França ou a Suécia. Mas não incluiu o Brasil nessa pequena lista.
Indicado para a embaixada no Brasil pelo presidente Barack Obama, em maio de 2009, Shannon obteve o necessário aval do Senado americano para assumir o posto somente no fim de dezembro do ano passado.
Como seu antecessor, Clifford Sobel, deixara o Brasil em agosto, boa parte do lóbi americano em favor dos caças da Boeing foi prejudicada. “A relação Brasil-EUA é importante demais para que a ausência do embaixador americano venha a atrapalhar. Mas essa ausência não ajudou”, admitiu Shannon.
Thomas Shannon também negocia com o governo brasileiro a visita de Barack Obama e da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao Brasil. Hillary deve desembarcar em solo brasileiro no mês de março, enquanto a visita de Obama ainda está em fase inicial de negociações. “Há muito interesse do presidente Obama em visitar o Brasil. A secretária Hillary quer vir o mais rápido possível”, disse.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO, via NOTIMP