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Don’t ask, don’t tell





Klécio Santos

Direto de Brasília

As polêmicas perseguem Nelson Jobim. Além de ser confrontado no Congresso diante das declarações de um general contra a admissão de gays nas Forças Armadas, o ministro tenta negar o óbvio: a escolha dos caças supersônicos franceses.

O vazamento de que o governo já optou pelos aviões Rafale desagrada a Aeronáutica. Para tentar esvaziar o assunto, Jobim poderia se valer da mesma expressão que usou para evitar debates em torno da admissão de homossexuais na caserna: don’t ask, don’t tell (não pergunte, não diga, em português). A compra dos Rafale é uma decisão antiga que se arrasta somente porque Lula se antecipou e anunciou o vencedor antes mesmo do processo de escolha ser concluído.

Para o Planalto, é uma questão estratégica o alinhamento com a França, que envolve ainda a compra de submarinos e helicópteros. A trapalhada, porém, beneficiou o governo, que baixou os custos com a revisão das propostas. Jobim ainda teria conseguido reduzir junto a Dassault em quase R$ 4 bilhões a proposta – tudo depois que a Aeronáutica divulgou em dezembro o resultado de sua seleção, em que os Rafale ficaram em último. Apesar da preferência da FAB pelo Gripen, da Suécia, a decisão já está sacramentada. Jobim só busca uma forma de anunciar oficialmente a decisão que, neste caso, é muito mais política do que técnica.

Ontem mesmo, o novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon Jr, já deu sinais de que admite a derrota na licitação:

– Há um consenso comercial de que a compra dos caças franceses não vai afetar a nossa relação com o Brasil.

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP





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