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Colapso nos aeroportos




Visão do Correio: Colapso nos aeroportos

Não há necessidade de ser especialista para se dar conta da sobrecarga dos aeroportos brasileiros. Qualquer cidadão atento percebe o caos e se irrita com os tumultos dele decorrentes. Filas nas áreas de check-in ou de raios X, banheiros lotados, assentos insuficientes nas salas de espera são sinais de que as instalações não correspondem às necessidades da demanda. Profissionais do setor veem além do fluxo de passageiros. Preocupam-se, entre outras carências, com a falta de posições de estacionamentos para aeronaves.

O Aeroporto de Brasília, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), apresenta o pior cenário. Com capacidade para atender 10 milhões de passageiros, em 2009 embarcou e desembarcou 12,2 milhões. Até 2013, há previsão de investir R$ 419,9 milhões na ampliação do Terminal Sul. Concluídas as obras, estará apto a abrigar 18 milhões de pessoas. O número não corresponde à demanda projetada — de 19,9 milhões. Os aeroportos de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre também apresentam gargalos sérios.

Apagão aéreo é problema em qualquer circunstância. Mas, se pensarmos que o Brasil sediará a Copa do Mundo em 2014, o cenário ganha cores sombrias. Pior: falta tempo para recuperar os anos em que não se pensou para a frente. Fala-se em duas décadas perdidas pelo Brasil. Nos últimos 20 anos do século passado, o país não conseguiu alçar voos nem rasteiros. A escassez de demanda, aliada à ausência da visão de longo prazo, levou à acomodação. Governantes de todas as esferas se esqueceram da infraestrutura.

Deixaram de investir em estradas, energia, aeroportos. Com a expansão da economia, o quadro mudou. A produção cresceu, a massa salarial se expandiu, a procura por insumos, bens e serviços deu saltos. O resultado não poderia ser outro — congestionamentos ameaçam o avanço da riqueza, que não encontra espaço para se expandir. Corremos o risco de não responder às necessidades impostas pela procura acelerada.

Vale a comparação. O casal, encantado com o nascimento do filho, compra-lhe enxoval com numeração suficiente até o garoto completar um ano. O menino ganha peso e altura, mas os pais não atualizam o guarda-roupas. Aproveitam ainda uma peça aqui e outra ali. Passado algum tempo, dão-se conta de que calças, camisas, casacos estão pequenos. Não têm condições de abrigar o corpo robusto. Abrem-se, então, duas possibilidades. Uma: o menino anda nu. A outra: os pais adquirem roupas no tamanho certo para ele — ao longo do período de crescimento.

Eis a alternativa que se apresenta ao Brasil. Ou ele investe em infraestrutura, ou os gargalos frearão o tão esperado crescimento. Os aeroportos são a chaga mais exposta. Cartôes de visita do país, não podem receber turistas e passageiros com os maus-tratos que se tornaram habituais. Precisam exibir instalações adequadas e serviço qualificado, que passa, necessariamente, por pontualidade e segurança.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP





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