Avião teve pane no motor
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Pane no motor. Esta foi a causa provável apontada por fontes que viram e vistoriaram a aeronave Embraer 110 Bandeirante, de matrícula PT TAF, da Piquiatuba Táxi Aéreo, que caiu no município Senador José Porfírio, oeste do Pará, na última segunda-feira, com oito passageiros e dois tripulantes a bordo. O motor pode ter parado por manutenção deficiente. No acidente morreram o comandante da aeronave, Carlos Alberto da Silva Navarro, e o empresário Luiz Rebelo Neto, diretor-presidente do Grupo Reicom. Os corpos chegaram no final da manhã de ontem a Belém.
O próprio co-piloto, Felipe Teixeira, relatou à perícia e a amigos mais próximos que a aeronave voava a 1.500 pés, em torno de 450 metros de altura, com velocidade de 100 nós, algo em torno de 180 km por hora, quando perdeu um motor e ficou com apenas um funcionando.
Neste momento, o piloto Carlos Alberto da Silva Navarro decidiu pousar no primeiro pasto que avistou, da fazenda Rosinha, pois avaliou que com a pane no motor dificilmente conseguiria chegar ao destino. A queda seria certa. Mesmo com visibilidade restrita, com o céu encoberto com nuvens, ele optou pelo pouso de emergência.
Ao tentar tocar o solo, a asa direita do avião bateu numa touceira e o nariz da aeronave se chocou num pequeno morro, uma ondulação do pasto. O impacto foi grande. O empresário Luiz Rebelo Neto percebeu a situação na cabine, saiu da poltrona e foi verificar na cabine o que estava acontecendo. O piloto pediu que ele voltasse, mas não houve tempo de colocar o cinto de segurança. O piloto disse: volte para sua cadeira que vamos pousar no pasto , contou a fonte.
O impacto no tórax de ambos foi tão grande que estourou a aorta e os dois morreram, provavelmente, de hemorragia interna. Como a cauda do avião ficou intacta, a perícia deve anunciar se encontrou ou não hoje a caixa-preta do avião, que gravou os últimos 30 minutos da conversa entre piloto e co-piloto.
O comandante Navarro já teria comentado com várias pessoas que o motor do avião não estava bom, inclusive com a própria esposa. O avião não era velho, mas havia voado muito, segundo amigos do piloto. Foi adquirido da empresa aérea TAF.
Quando um dos motores falha, o avião passa a ter instabilidade lateral e fica pesado nos comandos, perde o eixo. É preciso pisar fundo para garantir o controle. A aeronave fica em uma situação chamada Stol, que é quando atinge velocidade mínima de sustentação. Isso é característica de situação mono motor. Falta velocidade e o avião vai para o chão , analisou a fonte.
A Piquiatuba, proprietária do avião Bandeirante que caiu no município de Senador José Porfírio divulgou, no final da manhã de ontem, uma nota oficial sobre o acidente. No documento, a empresa se limita a informar o número de passageiros que estavam a bordo do avião e garante estar prestando apoio às vitimas.
Seis sobreviventes podem ter alta hoje
Seis sobreviventes da queda do avião Embraer 110 Bandeirante, de matrícula PT TAF, que caiu na fazenda Rosinha antes de chegar ao destino, a fazenda Vilma Rebelo, no município de Senador José Porfírio, no oeste do Pará, devem receber alta ainda hoje ou até amanhã do Hospital Regional Público da Transamazônica, em Altamira, que fica a 300 quilômetros do local do acidente. Dois continuam em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e não têm autorização médica para serem transferidos a Belém.
As seis vítimas que apresentam quadro estável estão sendo observadas na clínica cirúrgica do hospital em função da intensidade do trauma. São elas: Marco Túlio Pinto, Paulo Fabrício dos Santos, Sérgio Paulo Quintalha Camargo, José Eduardo Kavark Leite, Flávio David Barra, todos esses diretores e superintendentes da área de Energia do Grupo Andrade Gutierrez, além de Felipe Teixeira, co-piloto da aeronave. Todos os pacientes estão conscientes, de acordo com boletim médico divulgado na tarde de ontem.
O estado mais grave é de Ricardo Muzzi Guimarães, 56 anos, que não consegue respirar sem ajuda de aparelhos. Ele é natural de Belo Horizonte, mas reside em São Paulo, onde ocupa a Superintendência de Obras do setor de Energia da empresa Andrade Gutierrez. O argentino Oscar Raul Gonzalez, 60 anos, também da empresa, tem fratura bilateral de clavícula, com enfisema cutâneo, sem pneumotórax. Apresenta também fratura de úmero direito e trauma de crânio com hematoma periorbitário , de acordo com resultado de tomografia normal.
O Grupo Andrade Gutierrez divulgou nota apenas confirmando que seis dos dez passageiros a bordo eram funcionários da empresa e lamentando as duas mortes ocorridas.
Aeronave ficou totalmente destruída. Seripa Investiga.
Testemunhas e vítimas afirmaram que o avião Embraer 110 Bandeirante, de matrícula PT TAF, caiu de barriga , a menos de 15 metros de altura. A queda deixou a cabine da aeronave totalmente destruída e a asa do lado esquerdo também foi bastante danificada no choque com o solo. O Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) mandou uma equipe formada por três técnicos especializados em investigação de acidente para o local ainda na segunda. O resultado da investigação deve sair em até quatro meses.
Em Altamira, até antes do relato do co-piloto, haviam duas versões sobre a queda do avião. A primeira delas é que chovia no momento do pouso, o que fez o piloto perder o controle na aterrissagem. A segunda, mais tarde confirmada, é que o piloto precisou fazer um pouso de emergência que não deu certo.
Na chegada os corpos a Belém, ontem, a família do piloto Carlos Alberto Silva Navarro, 49 anos, preferiu não comentar sobre o acidente. Navarro estava há um ano ano na empresa Piquiatuba.
O amigo e também piloto de aeronaves Floriano Waldeck Neto, falou pela família. Qualquer afirmação sobre as causas do acidente, nesse momento, não passariam de especulação. O que posso dizer é que o comandante Navarro era um piloto experiente e que conhecia muito bem essa região.
Velório de empresário reuniu centenas de pessoas. Enterro será à tarde.
O empresário Luiz Rebelo Neto, de 59 anos, está sendo velado desde ontem, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Jurunas, em Belém. O enterro acontece às 16h de hoje, no cemitério Recanto da Saudade, em Marituba, mesmo cemitério onde foi enterrado às 17h30 de ontem, a segunda vítima fatal do acidente aéreo, o piloto Carlos Alberto Navarro. Centenas de pessoas estiveram presentes no velório do empresário, que também recebeu autoridades da Marinha, além de empresários e políticos.
José Carlos Santiago, cunhado de Luiz Rebelo Neto, veio de São Paulo, onde mora, para acompanhar o funeral. A família está muito abalada. Ele era uma pessoa que não fazia mal à ninguém. Pelo contrário, só fazia o bem , lamentou.
Uma foto do empresário foi colocada sobre o caixão. Os três filhos e a viúva do empresário, assim como outras pessoas da família, estavam desolados. José Rebelo, pai de Luiz Rebelo Neto, chegou ao local do velório por volta das 19h30. Ele foi amparado por amigos e entre lágrimas foi levado para próximo ao corpo do filho.Segundo informações de amigos da família, a irmã mais nova de Luiz Rebelo, Rosinha Rebelo, chega à Belém nesta quarta-feira. Por isso, o enterro acontecerá somente hoje.
Fonte: Portal ORM, via NOTIMP